Manter as operações de uma empresa durante a recuperação judicial é um desafio que exige estratégia, disciplina e visão de longo prazo. O Dr. Rodrigo Gonçalves Pimentel, sócio do escritório Pimentel & Mochi Advogados Associados, ressalta que esse é um momento em que a preservação da atividade produtiva se torna tão importante quanto a negociação com credores.
Pois, a continuidade operacional garante que a empresa gere receita, preserve empregos e mantenha sua relevância no mercado enquanto se reestrutura. Pensando nisso, a seguir, veremos algumas estratégias para assegurar e otimizar as operações do seu negócio durante esse período.
Quais medidas iniciais garantem a continuidade das operações?
O primeiro passo para manter operações durante a recuperação judicial é organizar as finanças e estabelecer prioridades. Segundo o Dr. Rodrigo Gonçalves Pimentel, é essencial mapear todos os contratos e obrigações, identificando quais atividades são indispensáveis para o funcionamento da empresa. Isso inclui fornecedores estratégicos, manutenção de equipamentos essenciais e gestão de estoques.
A análise detalhada do fluxo de caixa é outra medida determinante, conforme frisa o Dr. Lucas Gomes Mochi, também sócio do escritório. Já que ao entender a origem e o destino de cada recurso, é possível ajustar pagamentos, renegociar prazos e direcionar investimentos para áreas que sustentam a produção.
Empresas do setor rural, por exemplo, precisam prever a compra de insumos e o calendário de safra para evitar interrupções. Por fim, uma comunicação clara com credores e parceiros comerciais também contribui para manter a confiança e evitar rupturas de fornecimento, um aspecto crucial para qualquer segmento econômico.
Estratégias práticas para manter operações durante a recuperação judicial
Manter a atividade produtiva exige um conjunto de ações integradas. Entre as mais efetivas, destacam-se:
- Renegociação de contratos essenciais: permite ajustar valores, prazos e condições para aliviar o fluxo de caixa sem comprometer a continuidade do serviço ou produção.
- Priorização de fornecedores estratégicos: direcionar recursos para quem garante insumos e matérias-primas indispensáveis.
- Reorganização da equipe de trabalho: realocar funções, adotar jornadas flexíveis e preservar talentos-chave para manter a eficiência operacional.
- Uso de tecnologia para otimização: investir em ferramentas que reduzam custos e aumentem a produtividade, como sistemas de gestão ou automação de processos.
- Monitoramento constante de indicadores: acompanhar métricas de desempenho ajuda a corrigir falhas antes que elas se tornem problemas críticos.

Essas estratégias funcionam melhor quando aplicadas de forma coordenada e com acompanhamento técnico. De acordo com o Dr. Rodrigo Gonçalves Pimentel, a integração entre gestão administrativa e assessoria jurídica é determinante para que a recuperação judicial não seja apenas uma medida emergencial, mas um plano efetivo de reestruturação.
Como adaptar operações ao longo do processo de recuperação judicial?
Segundo o núcleo de Recuperação Judicial do escritório Pimentel & Mochi, a recuperação judicial, prevista na Lei 11.101/2005, oferece um período chamado stay period, no qual as cobranças e execuções contra a empresa ficam suspensas. Isto posto, esse intervalo é uma oportunidade para reorganizar a operação, como ressalta o Dr. Lucas Gomes Mochi.
Assim sendo, para empresas industriais, isso pode significar reordenar linhas de produção, reduzir desperdícios e renegociar contratos de energia ou logística. Já no agronegócio, pode envolver a adoção de técnicas mais eficientes de manejo ou a revisão de contratos de arrendamento e parcerias. No final, cada setor possui particularidades que devem ser respeitadas, logo, a chave é equilibrar as mudanças operacionais com a manutenção da capacidade produtiva, evitando cortes tão drásticos que comprometam a retomada futura.
O papel da governança na manutenção das operações
Empresas que mantêm práticas sólidas de governança durante a recuperação judicial transmitem mais confiança ao mercado e aos credores. De acordo com o Dr. Rodrigo Gonçalves Pimentel, isso envolve transparência nas informações, clareza nas metas e registro documentado de todas as decisões estratégicas. No dia a dia, isso significa implementar rotinas de controle de qualidade, auditorias internas e relatórios financeiros periódicos. Aliás, essa postura não apenas facilita o cumprimento do plano de recuperação, como também fortalece a reputação da empresa no mercado.
Mantendo as operações ativas: um caminho para a retomada
Em conclusão, manter as operações durante a recuperação judicial é mais do que uma questão de sobrevivência; é uma estratégia para sair do processo mais preparado e competitivo. Dessa maneira, empresas que preservam a capacidade de produção e o relacionamento com clientes e fornecedores aumentam significativamente as chances de êxito no plano aprovado. Portanto, com disciplina e orientação adequada, uma empresa pode não apenas superar a crise, mas também conquistar um novo patamar de estabilidade e desempenho.
Autor: David Brown